Sentado Sobre Um Arreio - Porca Véia

Sentado Sobre Um Arreio

Porca Véia


Não monto em cavalo manso
Nem que me custe o rodeio
Gosto do lombo do potro
Por causa do sarandeio
O maula em baixo do basto
Nunca me causou surpresa
Me representa que eu ando por cima da correnteza
Depois do primeiro pulo
Nem que a coisa fique preta

Dou com a mala e cravo espora
Bem na volta da paleta(2x)

Matungo que corcoveia
Se eu não amassar desmancho
Ensino a pegar a estrada
Me carregando pro rancho(2x)

Eu nunca encontrei a pergunta
Que eu não achasse resposta
Se não dá pra ir de frente
Saio surrando de costa
Acho bem lindo um crinudo
Quando vem se manoteando
Só pra ver o lombo dele
Sobre o ar me abaralhando
Um potro escondendo a cara
É brabo de se entender

É madeira que não lasca
É um osso dura de roer(2x)

Matungo que corcoveia
Se eu não amassar desmancho
Ensino a pegar a estrada
Me carregando pro rancho(2x)

E quando eu não puder mais
Montar em qualquer ladio
Eu quero ficar na terra
Pra rosetear meu destino
Pois quando eu deixar da lida
Me apeando junto a um rodeio
Talvez me sobre o buçal
O laço,mango e o freio
E se um dia meu rio grande
Quiser atorar no meio
Vão dizer sobrou um gaúcho
Sentado sobre os arreio

Matungo que corcoveia
Se eu não amansar desmancho
Ensino a pegar a estrada
Me carregando pro rancho(2x)

Fim Do Baile - Porca Véia

Fim Do Baile

Porca Véia


Companheirada é hora da partida
É fim do baile e o galo já cantou
Dance mais uma pra dar a despedida
E vamo embora porque o dia já clareou

Nós vamo embora, andamo sem tardança
Pois a boiada temos que entregar
Mas nessa sala deixamos por lembrança
Riscos de espora que nunca vai se apagar

Dono do baile e um gaúcho folgazão
Muito obrigado da sua cortesia
Eu agradeço o e café e o chimarrão
Me dá licença vou despedir da família

Adeus gaúcha, pois é minha esperança
Não chore tanto que um dia eu vou voltar
Guarde este lenço, te deixo por lembrança
Enxugue a lágrima quando de mim lembrar

Adeus amigos, aqui fica meu abraço
E pro gaiteiro, meu aperto de mão
Adeus gaúcha, nao chore no meu braço
Que eu vou embora, mas deixo meu coração



Balanço do Bugio - Porca Véia

Balanço do Bugio

Porca Véia


Chinoquinha vem pra sala,vem ver como é bom dançar
Te ensino a dançar bugio e tu me ensina a namorar
O balanço do bugio é dois passos pra cada lado
E tu me ensina o jeitinho de eu ser teu namorado

Ai,Ai,Ai!Onde é que ja se viu
Ai,Ai,Ai!Não saber dançar bugio(x2)

Gaiteiro,segura o fole, ninguém tem mando parar
Quanto mais a gaita chora,eu mais gosto de dançar
O balanço fica bom quando esta amanhecendo
Chinoca não vá embora tou te amando e te querendo


(Refrão)

Chinoca me dá um beijo,bem gostoso e bem quentinho
Quando mais eu te namoro,mais gosto do teu carinho
Eu agora vou me embora,moro nas bandas de la
Chinoca fique esperando,que eu volto pra te buscar.

(Refrão)

Baile na Serra - Porca Véia

Baile na Serra

Porca Véia


Pego na gaita e toco essa melodia
Me lembrando de um baile que eu fui a poucos dias
Foi lá na serra em casa do Mané Romão

E eu tinha um companheiro que era o meu irmão

E o gaiteiro um gaúcho resolvido
Na gaita deu um tinido e já começou a tocar
Tocou um xote pra dançar afigurado

E dos seus versinho rimado já começou a cantar
E uma morena do corpo enfeitiçado
Deu uma olhada pro meu lado e já com ela eu fui dançar
E o meu irmão com uma moça de encarnado

Saiu dançando apertado, coisa de se invejar
Com a morena sai falando baixinho
Devagar e bonitinho e o namoro se arrumou
Mas meu irmão com a moça de encarnado
saiu muito apertado e o pai dela não gostou

E a meia-noite deu uma briga lá num canto
Quebraram uns três, quatro bancos por causa do meu irmão
De madrugada se acharam novamente
Fedeu a pau e porrete, e a revolver e a facão

Eu sou um qüera que gosto de reboliço
Já me meti no enguiço só pra vê o que ia dar
Me apertaram, me cercaram em cinco ou seis
Dei uns tombo nuns dois, três e não puderam me cortar

O meu irmão índio mal de pensamento
Arranco das ferramenta e muita gente ele cortou
E assim foi até clariar o dia
Pois ninguém mais se entendia até que o baile se acabou

Morena Linda - Porca Véia

Morena Linda

Porca Véia


Esta saudade que veio de longe
Trouxe pra perto uma recordação
Esta morena que há tanto eu não via
Feriu de novo o meu coração

Morena linda da flor no cabelo
Eu te convido e vamos dançar
Há tanto tempo que eu não te via
E eu queria contigo falar

Este teu rosto que é um amor perfeito
Este teu corpo cheio de calor
Esses teus olhos que são dois punhais
Há de matar-me louco de amor

Morena linda ouça minha prece
Que do fundo do meu coração
Para pedir tua mão em casamento
Para curar esta minha paixão

VÍDEO:


Bugio Do Chaleira Preta - Porca Véia

Bugio Do Chaleira Preta

Porca Véia


Bem perto do portão preto
Parece que já estou vendo
Cuia bem grande com erva
Chimarrão que está correndo

Se ve o povo chegando
De a cavalo e de carreta
Só pra assistir a festança
Do quadro chaleira preta

Morena dos Olhos Verdes - Porca Véia

Morena dos Olhos Verdes

Porca Véia


Eu venho vindo de tão longe, venho vindo da fronteira
Vim pra dançar este xote coma morena mais faceira -
Morena dos olhos verdes vem aqui não seja ingrata,
Teus olhos me fazem sofrer, teu desejo me maltrata.

Morena dos olhos verdes, do rostinho encantador
Que morena tão ingrata, não despreza o meu amor -
Tudo que é verde no mundo eu quero sempre adorar
Porque verde são teus olhos que tanto me faz penar.

Estes teus olhinhos verdes que fazem um sonhador
É o verde da esperança da ganhar o teu amor -
Morena, minha morena quando o baile terminar
Tu irá junto comigo pra sempre eu quero te amar.

Quem esta aqui nesta sala, vai dançar até o amanhecer
Vai embora com a saudade por deixar seu bem querer -
Quem inventou a partida não entendia de amor
Quem parte segue chorando, que fica chora morre de dor.

Fandangueiro - Porca Véia

Fandangueiro

Porca Véia


Hoje é dia de fandango, já estou de bota lustrada
Com a emoção de sempre e a cordeona preparada
Tomei um trago de canha prá deixar a goela afinada
Já está quase tudo pronto e hoje eu viro a madrugada

Se tem coisa nesta vida que faz feliz um gaiteiro
É sentir a casa cheia e o calor do entreveiro
Algum olhar de morena na penumbra do candieiro

Num baile de chão batido e um trancão de fandangueiro

Sou fiel aos meus princípios, capricho em tudo que faço
Eu nasci prá ser gaiteiro e hoje sou pai do gaitaço
Se o surungo for cumprido não dou bola pro cansaço
Meto gaita a noite inteira, tenho confiança no braço

Hoje eu vim prá fazer a festa, tenho raça de peão
Morro seco e não me entrego, sou crioulo do pontão
Se a morena vier no baile magoar meu coração
Quem sabe eu chore outro dia, hoje eu garanto que não

Recorrendo Os Aguapé - Porca Véia

Recorrendo Os Aguapé

Porca Véia


Amanhã de manhãzita eu vou pro povo
Eu vou de novo recorrer os aguapé
Terminar umas esquilas a martelo
Eu vou campear algum chinelo pro meu pé

De quando em vez uma cruzada pela vila
Onde cochila as pinguanchas querendonas
Não é demais pra quem vive numa estancia
Matar a ânsia escutando uma cordeona

E quando sobra um sorriso companheiro
Para um tropeiro que campeia onde cestiar
O mundo véio se derrete num abraço
E a gente sente uma vontade de ficar (bis)

Semana nova de Guaiaca quase seca
Mas não me importo que é bom nos apaixona
No mês que vem volto de novo Deus me livre
Matar a ânsia escutando uma cordeona

Cavalo Tostado - Porca Véia

Cavalo Tostado

Porca Véia


Tenho um cavalo tostado , veio da Vacaria
Eu comprei de um fazendeiro que se chama João Maria,
Quando recebi o potro eu botei na estrebaria
Adelgacei a capricho mais ou menos quinze dias.

Botei o socado nele pra ver o que acontecia
E o potro saiu marchando que era uma maravilha
Depois desatei meu laço em cima de uma coxilha
Pra o potro ir aprendendo já lacei uma novilha.

O tostado é parelheiro, tem dado boa esperança
Num tiro de quatro quadras desconheço quem me alcança
Foi domado com capricho pois a rédea é uma balança
Tem a cola bem comprida e as crinas dá quatro trança

Ensinei este cavalo que só falta é falar
Quando chego num torneio todo mundo quer montar
Se depender do tostado não precisa duvidar
Que o laço já está nas guampas, mande o gancheiro tirar.

VÍDEO: 

Fazenda da Viúva - Porca Véia

Fazenda da Viúva

Porca Véia


Uma fazenda povoada,a uma viúva pertencia
Quadra de sesmarias,mas tudo meio atirado
Alguns capão de mato serve de abrigo no inverno
Donde tiravam o cerno prá arrumar os alambrados

Um terreiro de galinha carijó,pena de seda
Por baixo do arvoredo havia alguns cabritos
Uma invernada grande,um lajeado cruzava ao meio
E onde parava o rodeio era um chapadão bonito.

O sal botado no chão,pois nem cocho não havia
Boi de três anos na cria ,ainda quase tudo touro
Bagual velho criado,as crina arrastava no chão
E uns quarenta redomão,numa tropilha de mouro

Um índio desses gaudérios,mandado nos quatro ventos
Pra falar do casamento,na estância se chegou
Ja de primeira vista deu de encontro com ela
De a cavalo numa sela,num petiço marchador

Convidado pra sala,onde foi bem recebido
Pôs o chapéu no cabide,num gesto muito bonito
Logo foi pra cozinha e lhe ofereceram um pastel
Também tinha pão com mel,café preto e bolo frito

Foi poucas palheteadas e logo entrou no assunto
Casar e viver junto,estaria disposto
Aflita ela disse haver duas precisão
A fazendo do Patrão e eu preciso de encosto

Botou a fazenda em ordem, já não tendo oque fazer
Se associou no CTG e se entrosou com a gaucha
Quando roncava a gaita,a viúva tava pronta
E o índio puxava a ponta numa rancheira flauteada.

Xote Afigurado - Porca Véia

Xote Afigurado

Porca Véia


Eu sou dos quebras
Gosto de divertimento
Sou dançador cem por cento
Me agrada festa e cantigas
Lembranças boas
São dos tempos de piazote
Quando aprendi dançar xote
No meio das raparigas
Aqueles bailes de surpresa
No passado
Nem bem o sol tinha entrado
E o povo se reunia
Passavam a noite
Dançando o que se tocava
E o fandago só parava depois que clariava o dia

Vamos moçada
Que o baile está animado
Quero ver quem é que dança
Esse xote afigurado

Hoje nos pagos
Tem uns bailes diferentes
Pulam pra trás e prá frente
Como cobra dando bote
Mas na minha terra
A indiada não desaponta
E a alegria toma conta
Se o gaiteiro toca um xote
Viva este povo
Que vem dançando bonito
Marcando esse xotezito
Sempre dentro da cadência
Meu xote antigo
Carrega no sul fragante
Um sotaque de imigrante
Com estampa de qurência

Vamos moçada
Que o baile está animado
Quero ver quem é que dança
Esse xote afigurado
Eu toco xote
Que é coisa boa que existe
Alegra quem está triste
Quando faz um sarandeio
E o mestre sala
Vai berrando como um potro
É dois prá um lado
É dois prá o outro
E uma voltinha no meio
Quantas histórias
De baile antigo escutei
E alguns exemplos guardei
E hoje aqui prá sala eu trouxe
Quem não recorda daqueles bailes saudosos
Quando ouve o revoltoso
Da velha marca bertussi

Vamos moçada
Que o baile está animado
Quero ver quem é que dança
Esse xote afigurado

Aqueles bailes de surpresa
No passado
Nem bem o sol tinha entrado
E o povo se reunia
Passavam a noite
Dançando o que se tocava
E o fandago só parava
Depois que clariava o dia
Quantas histórias
De baile antigo escutei
E alguns exemplos guardei
E hoje aqui prá sala eu trouxe
Quem não recorda daqueles bailes saudosos
Quando ouve o revoltoso
Da velha marca bertussi

Vamos moçada
Que o baile está animado
Quero ver quem é que dança
Esse xote afigurado

Falado
E na cadência deste xote
Minha reverência
Ao grande gaiteiro
Daltro bertussi

VÍDEO: 

No Coração Do Rio Grande - Porca Véia

No Coração Do Rio Grande

Porca Véia


No coração do rio grande
Um dia eu fui morar
Lá encontrei muito amor
Lá aprendi a amar
Naqueles pagos chegados
Qual aconchego de um lar
Domei a força gaudéria
E me apeguei ao lugar
Domei a força gaudéria
E me apeguei ao lugar.

Nas entranhas do rio grande
A cultura, a tradição
Os valores se entrelaçam
Em confraternização
Lá eu vi a gauchinha
Vi também o velho peão
A cantar a prenda minha
A cantar a prenda minha
Com sua canha e o chimarrão.

No coração do rio grande
Um dia eu fui morar
Lá encontrei muito amor
Lá aprendi a amar
Naqueles pagos chegados
Qual aconchego de um lar
Domei a força gaudéria
E me apeguei ao lugar
Domei a força gaudéria
E me apeguei ao lugar.

Na convivência crioula
O rio grande me mostrou
Toda a beleza da vida
O seu sentido e o que sou
Vi o guasca e a chinoca
O minuano e o pampeiro
Vi bandos de quero - quero
O chicote e o cavalo
Do negro do pastoreio.

No coração do rio grande
Um dia eu fui morar
Lá encontrei muito amor
Lá aprendi a amar.

VÍDEO:


Morena Luxuosa - Porca Véia

Morena Luxuosa

Porca Véia


Eu gosto do luxo que a morena gosta
Eu te quero bem morena luxuosa
O corpo é bem feito e a pele é mimosa
Amarra o cabelo, fita cor de rosa
Quando bate o vento, fica balanceosa

O vestido dela foi feito na moda
A saia é godê com renda na roda
Colar no pescoço e brinco de argola
Ela é bem morena porque não descora
Gostei do seu nome ela se chama Flora

Eu fui disse a ela você quer ir embora
Resolva depressa não quero demora
Meu cavalo é bão, eu levo a senhora
Quatro légua e meia eu faço por hora
Na marcha troteada da serra pra fora

Era bem cedinho, eu tive que ir embora
Para a despedida saímos lá fora
E ela apanhou um raminho de aurora
Pôs no meu bolso e disse agora
Você não esqueça desta que te adora

VÍDEO: 

Luz do Meu Rancho - Porca Véia

Luz do Meu Rancho

Porca Véia


Se às vezes me esqueço em função da lida,
De dizer que a vida pra mim é você,
Te abanca comigo me faz um afago,
Me alcance um amargo que eu vou te dizer...
Andei pelo mundo sem saber amar,
E até te encontrar eu não amei ninguém,
Se acaso fui rude contigo perdoa,
Pois sou a pessoa que mais te quer bem...

Minha confidenta,
Amiga e parceira,
Fiel companheira,
Amor de verdade,
És luz do meu rancho,
A minha querência,
Da minha existência és a felicidade!

A gente não sabe da vida lá adiante,
Mas acho importante pensar no depois,
Por isso me aparto no teu doce abraço
E em tudo que faço só penso em nós dois...
Não temas eu volto junto com a saudade,
Minha felicidade é estar aqui,
O mundo oferece mas tenho juízo,
Tudo que eu preciso eu encontro em ti!

Lembranças - Porca Véia

Lembranças

Porca Véia


Quando as almas perdidas se encontram
Machucadas pelo desprazer
Um aceno um riso apenas
Da vontade da gente viver

São os velhos mistérios da vida
Rebenqueados pelo dia-a-dia

Já cansados de tanta tristeza
Vão em busca de nova alegria

E ao morrer nesta tarde morena
Quando o sol desapaciento se vai
As lembranças tranqueiam com as águas
Passageiras do rio Uruguai

E as guitarras eternas cigarras
Entre as flores dos velhos ipês

Sempre vivas dormidas se acordam
Na lembrança da primeira vez

E ao morrer nesta tarde morena
Quando o sol desapaciento se vai
As lembranças tranqueiam com as águas
Passageiras do rio Uruguai

E as guitarras eternas cigarras
Entre as flores dos velhos ipês

Sempre vivas dormidas se acordam
Na lembrança da primeira vez

VÍDEO:

Pinto Papudo - Baitaca

Pinto Papudo

Baitaca


Tô mal e fraco é o peso da idade
Virado num caco já tô pangaré
Tô mal e fraco é o peso da idade
Virado num caco, já tô pangaré

Faço simpatia, tomo xaropada
Quase me arrebento pra ficar de pé
Eu froxo os quarto, me dá tremedeira
Fico me babando se vejo "muié"

Que coisa braba meu compadre "véio"
Meu pinto papudo, tô perdendo a fé
Deito borracho, não posso dormir
Pra coçá a sarna, minha véia me chama
Deito borracho, não posso dormir
Pra coçá a sarna, minha véia me chama
Pensei comigo,vou adular ela,
Vou coçar a véia e caio da cama

Meu Deus do céu o que que eu vou fazer
Assim desse jeito não dá pra ficar
Meu Deus do céu o que que eu vou fazer
Assim desse jeito não dá pra ficar
Me disse o doutor, que eu já tô pifado
Uma curandeira me fui consultar
Mamica de cadela, nó de cachorro
Ferveu com angú e me mandou tomar
A carcaça véia levantou do chão
E o pinto papudo não quis levantar

Deito borracho, não posso dormir
Pra coça a sarna, minha véia me chama
Deito borracho, não posso dormir
Pra coça a sarna, minha véia me chama
Pensei comigo,vou adular ela
Vou coçar a véia e caio da cama

A pobre da véia se desesperou
Agarrou os apareio e se foi lá pra sanga
A pobre da véia se desesperou
Agarrou os apareio e se foi lá pra sanga
O que era cabelo a véia arrancou tudo
Cortou a saia dela e fez uma tanga
Fez uma gemada de acordar defunto
Bago de burro, miolo de porco
Pinto papudo parecia bêbado
Erguia a cabeça e caia de novo
Pinto papudo parecia bêbado
Erguia a cabeça e caia de novo

Deito borracho, não posso dormir
Pra coça a sarna, minha véia me chama
Deito borracho, não posso dormir
Pra coça a sarna, minha véia me chama
Pensei comigo,vou adular ela
Vou coçar a véia e caio da cama

Da Doma Pro Rodeio (part. Mano Lima) - Baitaca

Da Doma Pro Rodeio (part. Mano Lima)

Baitaca


(Num tendel de espora e mango
Rasgo o silêncio da aurora,
E só se ouve a campo afora
Um relincho de socorro
Alarido de cachorro
E um mango véio pegando
E os Quero-Quero gritando
Se ouve em longa distância
É a peonada da estância
Que amanheceram domando.)

Desce um potro corcoveando
Num lançante a campo fora
Desce berrando na espora
E um campeiro amadrinhando
E a cachorrada pegando
Bem na ponta do fucinho.

É bem assim que aos pouquinhos
O bagual vai se acalmando. (2x)

Aos poucos vai se entregando
Nas garras de um domador
Que sova bem de maneador
Pra não ficar cusquinhoso.
E pra não deixar sestroso
Mantém a calma com os bichos
E doma bem a capricho
Que é pra não deixar baldoso. (2x)

Depois de puxar do queixo
Que o bicho conhece a esgrima
Encilha e salta pra cima
E ensina a lida campeira
Passou uma vaca matreira
Seja grande, ou seja, média
E deixa dançando na rédea
Numa lida de mangueira. (2x)

(Esbarra o matungo e boleia a perna pra cantar comigo
Um dos cantores mais autênticos da nossa música campeira.
Abre o peito Mano Lima.)

Dois tá pronto e bem domado
- Cavalo pra toda lida
- Tem a crina bem comprida
- E troteia tirando o freio
- Apeia o peão sem receio
- E solta as rédeas no chão
- Pode montar meu patrão
- Já está pronto pro rodeio.
- Pode montar meu patrão
Já está pronto pro rodeio.

(Se não boleio a perna me resbalo pela garupa e saio junto contigo.
Porque sempre é bom cantar ao lado de um amigo.
Esse vamos deixar crinudo, né Baitaca? Por que é ruano
e tem a crina bonita pra desfilar.
Que cada um tem seu estilo, é importante respeitar,
pra depois que obedece a rédea, o bagual tem que dessopetear.)

Prevendo o Futuro - Baitaca

Prevendo o Futuro

Baitaca


Quando as minhas mãos já não tiverem o mesmo tato
E pra golpear um potro já esteja faltando força no braço
Quando eu levantar uma armada de pialo e me enredar no laço
Certamento o boi ira correr mais e entra no mato

E quando meus olhos ao longo dos campos não cortar distancia
E a juventude que em roubar orgulho não me dar importância
Com os olhos cansados eu olharei o mundo tao cheio de ânsias
Levarei trompadas de saudades do meu tempo de infância

Quando a minha espora não tinir mais num tranco estradeiro
E o canto do galo silenciar ao longe em frias madrugadas
Quando meu chapéu e o bico da bota não juntar giada
O cavalo bom estará ficando muito mais ligeiro

E quando minha daga fim de fandango não der um tinindo
E o meu grito forte de eira boiada meio enlouquecido
Ao redor do fogo me lembrarei de tantos recuerdos perdidos
Serei mais um laço velho arrebentado em um canto esquecido

Quando meus cabelos branquearem meu rosto já estará enrugado
Vou sentir receio do chifre do touro que ao tiro não dobra
Os pesos dos anos curva meu corpo fraco sem manobra
Longe do entreveiro e dos gritos dos pialos e do berro do gado

E quando minha voz calar-se pra sempre ao entardecer
Só Deus saber qual meu destino quando sol nascer
O campo, as cochilhas, banhados e estradas não vão mais me ver
Não quero morrer mais a morte é certa quando envelhecer.

Estampa de Galpão - Baitaca

Estampa de Galpão

Baitaca


"Me acorda nas madrugadas
Um relincho de um cavalo
E a goela forte de um galo me faz saltar da tarimba
Busco água da caçimba
E faço um fogo de chão
E cevo meu chimarrão bem na estirpe campeira
E vou conservar a vida inteira
Minha estampa de galpão"

O canto do galo me desperta cedo
E no arvoredo canta a passarada
Um berro de touro escavando terra
E lá na mangueira berra a terneirada
Escuto na sanga o grito de um jacú
Já canta o ambú na mata cerrada
Vejo a natureza coisa tão bonita
Chega uma visita late a cachorrada

Eu sou um campeiro marcado do tempo
Curtido à fumaça de um fogo de chão
Em nossas andanças por onde passar
Vamos conservar a estampa de galpão

Sou índio nascido no chão das missões
E das tradições eu me sinto cativo
Agradeço a Deus por nascer campeiro
Sou peão galponeiro de pé no estrivo
E por ser criado no meio do campo
Eu canto e aprovo o que tenho motivo
Honro a minha estampa e nossa tradição
Não froxo o garrão enquanto eu for vivo

Eu sou um campeiro marcado do tempo
Curtido à fumaça de um fogo de chão
Em nossas andanças por onde passar
Vamos conservar a estampa de galpão

Gosto da humildade não tenho arrogância
De estância em estância meu verso se acampa
Isto é o sistema que eu trago comigo
O arroz é seco e a rapa é na tampa
Ainda eu sou do sistema antigo
Do feijão mexido e coalhada na guampa
Defendo minha pátria com garra e civismo
Nem o modernismo não muda minha estampa

Eu sou um campeiro marcado do tempo
Curtido à fumaça de um fogo de chão
Em nossas andanças por onde passar
Vamos conservar a estampa de galpão

A Cavalo Na Verdade - Baitaca

A Cavalo Na Verdade

Baitaca

Campeiros modernos estão desonrando o nosso Rio Grande,
O pelego grande diz que estorva muito quando for laçar,
É pura mentira, pro tal modernismo a tempo se entregaram,
E assim que deixaram nossa tradição se desmoronar.

Gaúchos sem fibra frouxaram o garrão e tão dobrando a espinha,
Deixaram as bandinhas invadir as portas de alguns CTG,
Não honra a bandeira e até esqueceram a nossa origem macha,
Estreitaram a bombacha, encurtaram o lenço, eu pergunto por quê? (2x)


Eu canto as verdade, defendo o Rio Grande,
Eu calcei o pé e não vou me entregar,
Se a história foi feita a ponta de lança,
Casco de cavalo e ninguém vai mudar(2x)

(Tem barbado usando saia tapando a ponta do pé,
Fugindo da nossa raia disfarçado de muié,
Na lança do modernismo, furou a oreia e se perdeu,
Devolva os brinco pra prenda, não use o que não é teu)

Alguns mau caráter estão pisoteando em nosso respeito
Mas eu não aceito e a própria verdade minha memória expira
Montei a cavalo, cavalgo ao relento tropeando o progresso,
Se tenho sucesso não foi conquistado abaixo de mentira

Tão assassinando o nosso bugio, o xote e a vanera
A valsa, a rancheira que vem desde os tempos dos fandangos antigo
Quem canta mentindo mais cedo ou mais tarde será castigado
E quem canta as verdade por a lei de Deus não merece castigo (2x)

Eu canto as verdade, defendo o Rio Grande
Eu calcei o pé e não vou me entregar
Se a história foi feita a ponta de lança
Casco de cavalo e ninguém vai mudar(2x)

Conservar a fibra e defender a verdade são direitos meus
Agradeço a Deus por iluminar a minha memória
Tem falsos colegas que há tempos esperam a minha derrota
Mas infelizmente ainda vão bater palma na minha vitória

Tem cantor mentindo que munta em bagual e enche de porrete
Que diz que é ginete, que é domador e foi peão de lavoura
Só conhece a enxada sem cabo na venda, é lá pendurada
E na gineteada é só mesmo que munte em cabo de vassoura(2x)

Eu canto as verdade, defendo o Rio Grande
Eu calcei o pé e não vou me entregar
Se a história foi feita a ponta de lança
Casco de cavalo e ninguém vai mudar(2x)

(O respeito e a verdade vem desde antigamente
E este chapéu vai servir na cabeça de quem mente
Vai um abraço aos colegas
Que tem sinceridade
E que através do seu canto
Também defendem a verdade)


Tenho Orgulho De Ser Campeiro - Baitaca

Tenho Orgulho De Ser Campeiro

Baitaca


Nasci no meio do campo
No meu torrão missioneiro
Tenho orgulho em ser campeiro
E por isso que eu não me calo
Sobre os arreio, eu me embalo
E atiro cruzando o rastro
Cortando naco de pasto
Nas patas do meu cavalo

Me arrembageio até o joelho
Tapei bem o meu chapéu
E um couro com pelo e tudo
Torci uns quatro solveu.
Lavei uns cinco pelego
Remendei meu tirador
Fiz um sinchão a capricho
Solvei bem um malhador

Tenho orgulho em ser campeiro
Com muita garra e civismo
Pelos campos do Rio Grande eu me vou
A cavalo no xucrismo.
Tenho orgulho em ser campeiro
Com muita garra e civismo
Pelos campos do Brasil eu me vou
A cavalo no xucrismo.

Curando terneiro novo
No fundo de uma invernada
Onde a vaca perde a oreia
Nos dentes da cachorrada
Sofrendo em dia de chuva
Tirando o gado do mato
Poncho encharcado de água
Densiado de unha de gado

Tenho orgulho em ser campeiro
Com muita garra e civismo
Pelos campos do Rio Grande eu me vou
A cavalo no xucrismo.
Tenho orgulho em ser campeiro
Com muita garra e civismo
Pelos campos do Brasil eu me vou
A cavalo no xucrismo.

Enfrentando gado brabo
Numa lida de mangueira
Meu pingo lavado em suor
E eu tapado de poeira
Em touro eu boto a formiga
E capo ele a macepo
Vaca guampuda me avança
Eu largo moxo a porrete

Tenho orgulho em ser campeiro
Com muita garra e civismo
Pelos campos do Rio Grande eu me vou
A cavalo no xucrismo
Tenho orgulho em ser campeiro
Com muita garra e civismo
Pelos campos do Brasil eu me vou
A cavalo no xucrismo.

Só nunca fui domador
Eu não em crina me apóio
Já levei rodada feia
De ficar virando o zóio
Quando desencilho o pingo
Cesteio sobre os apero
Dormindo eu sonho com a lida patrão
Tenho orgulho em ser campeiro

Tenho orgulho em ser campeiro
Com muita garra e civismo
Pelos campos do Rio Grande eu me vou
A cavalo no xucrismo.
Tenho orgulho em ser campeiro
Com muita garra e civismo
Pelos campos do Brasil eu me vou
A cavalo no xucrismo.

Reformando a Muié Véia - Baitaca

Reformando a Muié Véia

Baitaca


Reformando a Muié Véia

Seu dotor me dê licença,hoje eu vim pra consurtá
Minha muié veia istrago,eu te truce pra reformá
As peças que já se foram, dotor tu tem que trocá
Faça a reforma bem feita que eu te pago o que custá

Seu dotor eu lhe garanto que machorra ela não é
Não prestô pra pari macho, só pariu fia muié

Já ganhou quatro menina,mas não se cansa de insisti,
Toda veiz que me convida, tô sempre pronto pra ir
Se é fraqueza é na buchada, dotor tu vai decidi
Que eu vou continuá lutano, pra vê se eu faço um guri

Seu dotor eu lhe garanto que machorra ela não é
Não prestô pra pari macho, só pariu fia muié

É uma magreza tamanha, que é só prenha pra engordá
A boca de cumê bóia, acho que tem que agrandá
Outra coisa que eu te peço, nem que tenha que operá
Tem que deixá mais pequena a pecinha de ocupá

Seu dotor eu lhe garanto que machorra ela não é
Não prestô pra pari macho, só pariu fia muié

Seu dotor tô indo embora, pela faixa federal
Me discurpi se eu sou grosso, um índio xucro e bagual
Seu dotor eu lhe garanto, que eu tô cheio de alegria
Por deixá minha muié véia, bem do jeito que eu queria

Seu dotor bem que eu te disse, femenista ela não é
Só veio me pari macho, depois de quatro muié
Ta cada veiz mais bonita, e eu forte pior de que um potro
E a situação invertiu, ganha um macho atrais do outro

O Novo Encontro Com O Tico - Baitaca

O Novo Encontro Com O Tico

Baitaca



Num verso xucro para o meu povo eu explico
De novo encontrei o Tico e dei risada a reviria
Eu percebi que o Tico não tem mais jeito
Cada vez mais sem respeito e vive fazendo folia

Sem serventia tipo à toa e bagaceiro
Vive fazendo besteira e conversando abobrinha
Encontrei ele numa dança abagualada
Com a sua namorada por apelido bolinha

E a mulher que o Tico tinha cuspido
Já deu-lhe um nó no vestido e começou a complicar
Parou na porta de revolve e de facão
Tava cheia de razão, não deixava o Tico entrar

Pensei comigo eu vou terminar com essa briga
Porque sou da moda antiga e covardia eu não agüento
Disse pra ela, senhora se acalme um pouco
E num jeitão meio de louco, eu botei o Tico pra dentro

E o segurança que tipo provalecido
Chamou o Tico de fidido e perguntou se não gostou
Dali um poquito lhe veio lá da cozinha
Meteu a mão na bolinha e o Tico se alevantou

Se discutiram os dois teimoso e bicudo
E saíram quebrando tudo numa bagunça formada
Os três brigando e rolando sem atrapalho
E a bolinha dava de taio e o Tico de cabeçada

E o porteiro dando uma de machão
Gritou alto no salão, disse: hoje eu vou te quebrar o bico
Num tiroteio de clarear fogo na sala
Não é que pega uma bala bem na cabeça do Tico

Ele morreu e fumo velá lá em Osório
Fiquei junto no velório até que chegasse o fim
E a noiva dele amanheceu se clamando
E me pediu meia chorando enterra o Tico pra mim


Baile De Bugio - Baitaca

Baile De Bugio

Baitaca


Certa feita ganhei um convite
Meio sem limite, pra ir num fandango
Me trajei de bombacha e guaiaca
De revólver e faca, lenço, espora e mango
Encilhei o meu pingo aragano
E, por ser veterano, eu pra lá fui chegando
Só escutava barulho de bota
E quando olhei na porta
Era bugio dançando

Perguntei pra evitar o cambicho
Se em baile de bicho se pagava entrada
Ele disse, quem manda sou eu!
E já me respondeu que não pagava nada
Só se em baile tem que ser direito
Com todo o respeito até clarear o dia
Mas, porém eu te faço um pedido
Aqui é proibido apertar bugia

E o fandango era bem animado
Num bugio largado de gaita e violão
Este baile me deu pouca renda
Fui tirar uma prenda e levei um carão
Dei-lhe um tapa na pobre bugia
Começou a folia e findou a brincadeira
Era tapa, coice e garrafaço
Facada e balaço, bordoada e rasteira

Fui dar um passo e me inlhei nos tamancos
E já no ferro branco me senti cortado
Eu no meio naquele sufoco
Já com o meu corpo todo ensanguentado
Era adaga, facão e porrete
Pedrada e cacete naquele extravio
Nem que tenha churrasco no espeto
Nunca mais me meto em baile de bugio

Lamento de Pobre - Baitaca

Lamento de Pobre

Baitaca


Vivo de changa e trabalho que me arrebento
Já não aguento tô quase desesperado
Tive vontade de abandonar a querencia porque a firma abriu falência e eu ando desempregado

Maldita crise é que me trai no sufoco
Tô quase loco já não sei o que fazer
E uma miseria por perto rondando a gente, se não mudar o presidente so até capaz de morrer

Tô mais delgado do que chino piquetero sem serviço sem dinhero e não posso paga o mercado
O meu crediario a tempo já se acabo, minha panela inferrujou já não me vendem mais fiado

Meu biomgo velho balança pior que uma rede
Tá sem parede apodreceu o santa fé
Olho pra cima só enxergo o céu como abrigo e a mulher braba comigo por faltar o pão do café

E a criançada sofrendo desesperada
Desatinada por não comer quase nada
Não brincam mais a metade passa chorando e o resto se coçando duma sarna desgraçada

Tô mais delgado do que chino piquetero sem serviço sem dinhero eu não posso paga o mercado
O meu crediario a tempo já se acabo, minha panela inferrujou já não me vendem mais fiado

Minha barriga chega roncar de vazia
De meio dia quando eu deito pra cestia
Caio na cama e penso em ficar sossegado e um pulguedo desgraçado não me deixam descançar

Quando eu me deito é pior que ninho de sorro
Tem pouco forro me bate um frio e me entangue
Eu perco o sono, rolo até de manhã cedo e quando se acalma o pulguedo o fincão me chupam o sangue

Tô mais delgado do que chino piquetero sem serviço sem dinhero eu não posso paga o mercado
O meu crediario a tempo já se acabo, minha panela inferrujou já não me vendem mais fiado

Rezo pra Deus pra que alguma coisa me reste
Morreu da peste o meu galo topetudo
Sem geladera já entra o verão de novo me bate um calor nos ovo que quase apodrece tudo

Minha cadela enxerga a caça e não se atraca
Tá muito fraca já não rusga pra ninguém
E um cusco magro que nesses dia ele tomba, da mordida até na sombra de tanta fome que tem
Tô mais delgado do que chino piquetero sem serviço sem dinhero eu não posso paga o mercado
O meu crediario a tempo já se acabo, minha panela inferrujou já não me vendem mais fiado

VÍDEO: 

Cordeona Veia - Baitaca

Cordeona Veia

Baitaca


Cordeona veia judiada
Dos fandangos que tocou
Lembranca e poeira de estrada
Dentro do fole guardou
Quando te escuto se abrindo
Te despertando a memoria
Se terminarem os fandangos
Teu nome fica na historia

Muitos fandangos animamos
Nesta patria redomona
Nao vem me dizer que eh taura
Quem nao gostar de cordeona

Ja ta com teclado gasto
Voz fraca, desafinada
As alcas ja arreberntaram
Nao tem cor ta desbotada
Em bochincho de campanha
Assistiu muito entrevero
E hoje com o fole furado
Sopra o rosto do gaiteiro

Muitos fandangos animamos
Nesta patria redomona
Nao me diga que e gaucho
Quem nao gostar de cordeona

Acompanho em "mi maior"
Trovadores de talento
Fez costados a pajeadores
Em rancho de acampamentos
Muitos concursos de chula
Acompanhou num floreio
Em bailes de ctg
Em barracas de rodeio

Cordeona veia de ti
Sei que o rio grande se orgulha
Muitas noites sem dormir
Tivemos em varias tertulias
Em festancas de casorio
Muitas vezes voce se abriu
E ate mesmo em velorios
Se colegas que partiu

Muitos fandangos animamos
Nesta patria redomona
Nao me diga que e gaucho
Quem nao gostar de cordeona

Secretário de obra - Baitaca

Secretário de obra

Baitaca


Pra quem não sabe, pensa que isso é brinquedo
Levanto de manhã cedo madrugada meia escura
E pro serviço eu já ando tudo estropiado
E é um compromisso danado que eu tenho na prefeitura

Clareia o dia, corro pra tudo que é lado
Pra dar conta do recado e o povão não reclamar
Meto le a pá, tapo buraco à vontade
E as ruas da minha cidade não dá mais pra caminhar

Tapo buraco de noite, tapo de dia
Até domingo e feriado eu tapo buraco em quantia
Vivo folgado e ganho dinheiro de sobra
Estou enchendo a carteira de secretário de obra

De secretário eu sofro barbaridade
Pelas ruas da cidade tapo buraco e valeta
Instalo água pro povão não se queixar
E por tudo quanto é lugar, tô botando manga preta

De manhã cedo bem antes que o sol esquenta
Dou de mão na ferramenta e a trabalhar eu me atraco
Faço serviço que o prefeito se emociona
E por tudo quanto é zona eu vivo tapando buraco

Na zona sul, na zona norte da cidade
Na urbana e na rural eu tapo buraco à vontade
Vivo folgado e ganho dinheiro de sobra
Estou enchendo a carteira de secretário de obra

Lá no meu bairro uma muié desquitada
Num jeito tão delicada, chegou e me falou assim
Lá na minha frente tá tudo virado em caco
Pois tem um baita buraco, quero que tape pra mim

Me fui pra lá dar uma mão pra vivente
Não é que dá um acidente que eu quase que me arrebento
Me descuidei quando cheguei na beirada
Dei le uma resbalada e me fui inteiro pra dentro

Um buracão que nem esse eu nunca vi
Tomara que ninguém caia dentro desse que eu caí
Falei pra ela isso não é brincadeira
Buraco desse tamanho é só de retroescavadeira

Pedido de Um Pai Pra Filho - Baitaca

Pedido de Um Pai Pra Filho

Baitaca


Pedido de um pai pra um filho
(esta composição, eu ofereço para todos os pais desse meu Brasil véio de Deus...
E para todos os filhos que consideram e respeitam seus pais)

Ouça meu filho este pedido que faço
Tu és pequeno, mas é muito inteligente
Nunca te esqueça que te criou nos meus braços
Que Deus te mostre o caminho pra seguir em frente

Se por acaso um dia estiver distante
Através do rádio o meu pedido se vai
Se nós os dois se reencontrar novamente)
Me de um abraço e não maltrate teu pai(2x

Pra que seja compreensivo que eu te peço e te aconselho guri
Desde o princípio até o fim seja um bom filho pra mim
Pra mim ser um bom pai pra ti(2x)
Desde o princípio até o fim seja um bom filho pra mim
Pra mim ser um bom pai pra ti

Quero que cante toque gaita e escreva verso
Em qualquer parte desse mundo onde pilchar
E que não troque a bombacha pela bermuda
Não use brinco nem o cabelo amarrado

Quero que goste de rodeio e campereada
Quando crescer siga o caminho do pai
Também não troque o chapéu de aba larga
Por uma buena importada do Paraguai

Pra que seja um homem honrado é que eu te peço e te aconselho guri
Desde o princípio até o fim seja um bom filho pra mim
Pra mim ser um bom pai pra ti

Pra que não seja um drogado é que eu te peço e te aconselho guri
Desde o princípio até o fim seja um bom filho pra mim
Pra mim ser um bom pai pra ti

(E pra minha filha Naiara
Ter compreensão e paciência
Simpatia, inteligência e um grande comportamento
Quando arranjar um casamento não pegue um tipo covarde
Para evitar que mais tarde tenha um grande sofrimento

Pra defender os meus filhos
Como um palanque eu me finco
Não quero genro de brinco
Que perco o pé dos estribos
Eu perco a calma me esquivo
E a minha filha não padece
Mas isso não acontece
Enquanto teu pai for vivo!)

Campeiro que Canta Triste - Baitaca

Campeiro que Canta Triste

Baitaca


Olhei um resto de campo e escrevi esta canção
O que me faz cantar triste é esta destruição
Tão acabando nossos campos,estão arando nosso chão
E quando eu canto me arrepia e me dói no coração
Tão destruindo nossos campos,sou campeiro das missões
Meu peito é forte e resiste,mas é por estas razões que um campeiro canta triste
Os mato grande da estância já estã otudo derrubado
Onde eu comia guavirova e ariticum e procurava gado alçado
As nossas casas selvagens já não existe mais nada
Bicho de pelo e de pena tão morrendo nas lavoura invenenada
Tão destruindo nossos campos,sou campeiro das missões
Meu peito é forte e resiste,mas é por estas razões que um campeiro canta triste
Estância grande são poucas,tão repartida em piquete
Os domadores tão mudados,existem poucos ginetes
Já não golpeiam mais no queixo potranca chucra ou bagual
Tão estragando os cavalos com esta doma racional
Tão destruindo nossos campos,sou campeiro das missões
Meu peito é forte e resiste,mas é por estas razões que um campeiro canta triste
A agricultura tá acabando com a parte financeira desse povo
Este meu verso é um apelo pra que voltem para a pecuária de novo
Pois o meu canto é realidade,é cerne de cabriúva
Gado não seca com o sol,meu patrão nem apodrece com a chuva

Lida Campeira - Baitaca

Lida Campeira

Baitaca


(Meu canto é o berro do gado no fundo de uma
Invernada
É o relincho da manada retoçando na mangueira
Minha garganta missioneira não se entrega e nem se
Rende
E eu canto pra quem compreende a nossa lida
Campeira.)

Coleia o bicho paisano gruda-lhe a marca
Confere a tarca quando os toro daqui a poco
Escolhe a vaca mais gorda e gruda-lhe a faca
E salga o coro que o capataz te mando

Busca os ternero aparta e bota biquera
E troca um poste da mangueira que quebro
Busca os ternero aparta e bota biquera
E troca um poste da mangueira que quebro

Pois essa é a vida que leva um peão campeiro
O dia inteiro numa lida de mangueira
Por isso eu canto verso xucro e patacuero
Pra quem compreede a braba lida campeira
Por isso eu canto verso xucro e patacuero
Pra quem compreede a braba lida campeira

Dia de chuva dá uma sovada nas corda
Varre o galpão e limpa bem a estrebaria
Vê se a carreta não tá goteriando a torda
Espeta um chibo pra comer de meio dia
Se para a chuva de tarde busca as oveia
Marca os cordeiro e recorre o gado de cria

Clareia o dia reúne toda a peonada
Vão pra invernada e já segue campereando
Entra no campo e uma vaca imundiciada
Enxerga o cavalo e ela já sai disparando
Eu e o peão veio cruza o rastro e manda a corda
Apeia e cura e deixa o cavalo cinchando


DESTAQUES